Pensamentos Prensados

sábado, maio 31, 2014

S. - parte II (personagem fictício)

sexta-feira, maio 30, 2014

Duelo (hai-kai)


À noite, o vento sul
lança-se, bate e volta /
"Árvore-scudo"

quarta-feira, maio 28, 2014

J. - parte II (personagem fictício)

segunda-feira, maio 26, 2014

Paradoxo primordial (hai-kai)


Mais e mais gelado
...e distante, Universo.
Como nos atrai?

sábado, maio 24, 2014

Vida e morte das procrastinações


Hoje não é o dia em que essas manias deliberadamente alimentadas serão ignoradas.

Amanhã não será o dia em que haverá papeis arrumados, consultas marcadas, revistas lidas, inutilidades descartadas e pensamentos pacificados.

Depois de amanhã não será o dia em que surgirão mensagens, perguntas e coragens.

Semana que vem não terá o dia em que lembranças e lamentações serão apagadas.

Mês que vem não ajudará o dia em que promessas e esperanças precisarão ser renovadas.

Ano que vem não impedirá o dia em que baixaremos nossas cabeças e diremos que desistimos.

quarta-feira, maio 21, 2014

Praia sem veraneio (hai-kai)


Sequência de saltos:
são peixes  buscam um olhar
ou oxigênio?

terça-feira, maio 20, 2014

Pensamentos sociais


Agora no Facebook e no Twitter.

sábado, maio 17, 2014

Envolvimentos


A ideia se envolve com a ação e depois com o erro, a reação, a reflexão e o recomeço.

O sonho se envolve com a imagem e depois com a voz, a alucinação, a realização e o despertar.

O desejo se envolve com a negação e depois com a perturbação, a explosão, a renovação e a recordação.

O pensamento se envolve com o passado e depois com o presente, o futuro, a ucronia e a eternidade.

A escrita se envolve com as palavras e depois com as frases, os versos, os ritmos e os significados.

O sentimento se envolve com a ideia e depois com o sonho, o desejo, o pensamento e a escrita.

Tudo se envolve, por mais que nos recusemos a nos envolver.

quinta-feira, maio 15, 2014

Ninguém revive à deriva (hai-kai)


1.

Sono – cortado...
A vinda da aurora mostra
o cais tão distante

Essa âncora
virou outra lembrança
(vida sem porto)

A vela aberta
tenta seduzir o vento.
Mudo destino?

Remos contra o mar
são insetos contra o céu.
Esforço de titã!

2.

Costas sem praias:
nos rochedos, somente há
ondas sem rumo

Sob o sol raivoso,
o espelho vibra e cega /
beleza cruel

A pele queimada
ferve... cada... respingo...
Poros infernais

A boca rachada
absorve poucos goles
– sabor sazonal

3.

Ar e água iguais;
nenhum traço separa
o fim do recomeço

Pássaros e peixes
prendem-se a repetições /
nada irrompe

O calor amarra
os músculos – e as esperanças.
Rota da perdição

Mesmo as miragens
evitam o oceano...
Vazio irreal

4.

Mapa rasgado!
O retorno à ilha será
mais uma fuga de tudo

O isolamento
não sobreviverá à mente
(autoflagelo)

Mil tempestades
desabarão dentro de si
– refúgio frágil

As cartas escritas
não sairão / das garrafas /
Palavras mortas

5.

Passos em círculos:
árvores, pedras e conchas
trarão a loucura!

O reflexo na poça
mostrará marcas frias;
pulsação fraca...

O barulho da maré
não trará reconforto
(vozes ausentes)

O fogo das estrelas
deixará os sonhos nas sombras.
Rostos... de poeira

6.

Brisa mínima?
A corrente que desperta
sussurra o amor

Voltar a navegar
atrás da chance é preciso
– trajeto novo

A tarde avança
e as nuvens começam a parar;
tintas na paleta

Tons no horizonte
formam a moldura da terra:
vista única

7.

Lindo ponto de luz.
O continente promete
uma noite de sorrisos

O corpo exausto
ignora a dor e se ergue!
Barco em repouso

Os acordes nas ruas
não disfarçam as solidões...
Mistérios sem par

Mas uma canção dança
de maneira autêntica:
paz resgatada?

terça-feira, maio 06, 2014

Microcontos II


Física experimental


Enquanto corria ladeira abaixo, buscava a melhor equação para beber o resto da cerveja e chegar ao ponto antes do ônibus.

DJs inovadores

Selecionaram tantas músicas de sucesso que se esqueceram de tocar qualquer uma do astro do cartaz da festa.

Memória fotográfica

Lembrava-se até dos momentos em que ela piscava os olhos.

Musas

Os monges recomendaram somente contemplação e meditação, mas, às vezes, o escritor contrabandeava doses de desejo e sofrimento.

Evoluções

As gaivotas ficam em pé sobre o mar, os cachorros nadam atrás delas e os humanos observam tudo com celulares.

Novo filão

De tanta ironia que precisou ser desenhada, as lojas ficaram sem papel e lápis.

Política fiscal

Diante de tantas polêmicas criadas à toa na internet, o governo estabeleceu uma taxa para postagem de comentários.

À procura de um neologismo

Viu o dicionário inteiro e não achou um verbete para: ato de gostar de algo ou de alguém, mas não da maneira certa ou suficiente.
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Outros pensamentos prensados em Microcontos I.

sábado, maio 03, 2014

Traços de ciano


Borboletas amarelas, vermelhas e marrons
Estão pousando na direção dos nossos pés

Suas asas se despedaçam
Sob o mesmo céu desbotado

Através desses galhos abandonados
Logo o sol renascerá em nossos olhares

Hoje talvez seja o dia em que o vento venha otimista
e devolva as nuvens para o lar delas

Que os pássaros desejem boa sorte
A esses pensamentos que flutuam sem destino

O que procuramos não será encontrado em corações inertes
A mudança é uma canção ainda distante

A vida sempre se desviará do caminho
Se insistirmos em carregar os pesos pousados

sexta-feira, maio 02, 2014

Ode aos desajustados


O belo não clama por atenção,
mas todos o admiram

O excluído mostra o rosto,
mas ninguém o compreende

O desajeitado treme no cumprimento,
mas ninguém o equilibra

O tímido hesita com as palavras,
mas ninguém o estimula

O melancólico remói o passado,
mas ninguém o resgata

O solitário quer o presente,
mas ninguém o beija

O ansioso teme o futuro,
mas ninguém o acalma

O amargo reclama de tudo,
mas ninguém o recupera com sorrisos

O arrependido lamenta as escolhas,
mas ninguém o incentiva a tentar de novo

O pecador pede desculpas,
mas ninguém o perdoa

O revoltado se indigna com injustiças,
mas ninguém o percebe

O bêbado tropeça em erros,
mas ninguém o levanta

O louco grita de dor,
mas ninguém o abraça

O desesperado chama por ajuda,
mas ninguém o socorre

O depressivo chora pela vida,
mas ninguém o suporta

O moribundo sonha com a cura,
mas ninguém o acalenta

O cansado se senta na calçada,
mas ninguém o reanima

O soturno enfrenta as trevas,
mas ninguém o ilumina

O quieto medita sobre o mundo,
mas ninguém o questiona

O artista muda paisagens,
mas ninguém o observa

O escritor destila impressões,
mas ninguém o lê

O poeta declama sensibilidades,
mas ninguém o absorve

O travado deseja a dança,
mas ninguém o ouve

O esquisito busca o próprio lugar,
mas ninguém o orienta

O indeciso desabafa dúvidas,
mas ninguém o analisa

O inquieto quebra o espelho,
mas ninguém o imita

O perfil luta para ser humano,
mas ninguém o curte

O belo recebe todas as atenções,
mas a verdadeira beleza pertence aos desajustados