Ode aos desajustados
O belo não clama por atenção,
mas todos o admiram
O excluído mostra o rosto,
mas ninguém o compreende
O desajeitado treme no cumprimento,
mas ninguém o equilibra
O tímido hesita com as palavras,
mas ninguém o estimula
O melancólico remói o passado,
mas ninguém o resgata
O solitário quer o presente,
mas ninguém o beija
O ansioso teme o futuro,
mas ninguém o acalma
O amargo reclama de tudo,
mas ninguém o recupera com sorrisos
O arrependido lamenta as escolhas,
mas ninguém o incentiva a tentar de novo
O pecador pede desculpas,
mas ninguém o perdoa
O revoltado se indigna com injustiças,
mas ninguém o percebe
O bêbado tropeça em erros,
mas ninguém o levanta
O louco grita de dor,
mas ninguém o abraça
O desesperado chama por ajuda,
mas ninguém o socorre
O depressivo chora pela vida,
mas ninguém o suporta
O moribundo sonha com a cura,
mas ninguém o acalenta
O cansado se senta na calçada,
mas ninguém o reanima
O soturno enfrenta as trevas,
mas ninguém o ilumina
O quieto medita sobre o mundo,
mas ninguém o questiona
O artista muda paisagens,
mas ninguém o observa
O escritor destila impressões,
mas ninguém o lê
O poeta declama sensibilidades,
mas ninguém o absorve
O travado deseja a dança,
mas ninguém o ouve
O esquisito busca o próprio lugar,
mas ninguém o orienta
O indeciso desabafa dúvidas,
mas ninguém o analisa
mas ninguém o imita
O perfil luta para ser humano,
mas ninguém o curte
O belo recebe todas as atenções,
mas a verdadeira beleza pertence aos desajustados
0 Comments:
Postar um comentário
<< Home