Um conto sobre os contrastes do ano (de tantos tons humanos) - Semana #025
Linhas de pesar
Xingamentos xilofônicos:
São muitas coisas imutáveis dentro do coração descalibrado, que nunca mais cadenciou, amainou e descansou.
Mas, se as águas não passam, as mágoas nos descompassam, sendo gravadas ano a ano e deixando-se guardadas no âmago;
E, quando a vida se retém, novamente as linhas se retesam, separando os dias de qualquer espera, enlace ou pressa, movendo a esperança rente ao limbo.
Ninguém escapa da tristeza nem por um triz se ela é espaçada assim, maciça e sem fim, tão massacrante e definhante.
(As saudades saúdam e os remorsos remoem cada intenção perfeita, imperfeita, desfeita, refeita, cada palavra dita, não dita, bendita, maldita, cada ato feito, não feito, bem-feito, malfeito, cada momento definido, indefinido, finito, redefinido, infinito como nunca, perdido para sempre)
"A felicidade é um feito im-pres-cin-dí-vel", ela impregnava.
Um conto sobre os contrastes do ano (de tantos tons humanos) - Semana #024
Linhas de perdição
As dificuldades nos dividem em bifurcações
– E as escolhas nos encaminham aos erros.
A juventude é um conjunto de pulsações, degustações e desilusões,
A juventude urge plenitudes, mas o que vem e insurge é tudo efêmero e confuso!
Os vizinhos se desviam dos vestígios da devassidão e da devastação...
Ressentimentos mal resolvidos, ressacas bem reincidentes.
"Quando o corpo passa dos ardores para as dores, dos prazeres para os pesares, do tudo para o nada, não há mais passado, não há mais futuro; fica apenas o tempo que nos confina e nos presencia entre o temor e a prece final, entre a calamidade e a desaceleração...", ela calava.
Um conto sobre os contrastes do ano (de tantos tons humanos) - Semana #023
Um conto sobre os contrastes do ano (de tantos tons humanos) - Semana #022
Linhas de desistência
Por que ainda idolatramos esse modelo, essa ideia de recomeço, se ainda nos movemos com medo, sem parar de remoer o passado, de remar para saudar o rio acima?
Personagem ou pessoa, o ser não persiste na esperança depois de tantas semanas que acabam nas mesmas certezas:
Entre nós, agora só permanecem vazios – nostalgias em excesso, anotações sem conforto, distrações que vêm com desgosto, e esse desdém nos entalhes de cada rosto; nos enfrentamos com energias que mal existem, que não veem qualquer sentido em seguir em frente. O que se tem de bem para quem não se entende mais e também é incapaz de ir além?
Durante as madrugadas, dentro dos ruídos de rotinas dramatizadas e arruinadas,
Em cada centímetro, escorrem sentimentos escondidos.
(Depressões depreciadas)
"Aconteça o que nos acometer, não se obrigue a aceitar qualquer obra do acaso", ela aconselhava.