Pensamentos Prensados

sábado, abril 19, 2014

Todas as vidas (crônica)


Quantas vidas passam por uma vida? Quantos detalhes saberemos de cada vida por meio de conversas, leituras, observações ou simples olhares?

Em cada vida, há um turbilhão: escolhas, lembranças, alegrias, melancolias, nostalgias, aprendizados, arrependimentos, sonhos, medos, desejos, questionamentos, conquistas, frustrações, esperanças.

Uma vida é um universo de estrelas gigantes, estrelas anãs e supernovas; de luzes que vêm do passado e de escuridões que engolem e transformam memórias; de planetas sem rumo, planetas inabitáveis, planetas pulsantes e satélites permanentes; de galáxias afastadas e em choque, em espirais que se movimentam ao som de uma valsa silenciosa; de telescópios e naves que almejam encontrar outras vidas.

Nossas vidas carregam tantas vidas e histórias, de aventuras da infância e comédias da adolescência e, depois disso, de romances e dramas, com aspirações, buscas, impasses, justificativas, pensamentos e quedas. Há vidas protegidas em categorias especiais e outras que se transformam em personagens casuais, divertidos, saudosos e quase perdidos no tempo.

Todas as vidas têm um peso, que flui, muda, retorna, fixa-se. Vazio e patético. Leve e sublime. Mediano e entendiante. Pesado e assustador. Insuportável e depressivo. Variável e conflituoso. Equilibrado e sensato. Desconhecido e amargo. Secreto e sensível. Eterno e admirável.

As vidas vão e vêm, voam e voltam, lançadas ao vento, guiadas por vontades, motivadas por verdades que não morrem. Vidas de vitórias, vexames, vinganças, vergonhas, visões e valores. As vidas vibram com vozes, com vocês, com você.

Para qualquer vida, uma única vida, em uma, única, última ou ucrônica dança, pode mudar tudo, seja na ausência, presença, perda, recordação. Essa única vida carrega uma música com a qual se tenta uma sintonia: às vezes, frágil e efêmera; às vezes, oscilante e misteriosa; às vezes, bonita e curta; às vezes, apaixonante e inesquecível; às vezes, linda e infinita.

Quantas vidas marcam uma vida? Quantas vidas marcam mais do que outras? Quantas vidas gostaríamos que marcassem, mas falhamos em atraí-las? Quantas vidas são mais marcantes por nos fazer vivos, bem vivos? Quantas mais poderiam ser assim, mas são difíceis por estarem orbitando em torno de outras vidas, presas a gravidades distantes e aparentemente inabaláveis?

Quais vidas achamos que nadam nas profundezas de lagos e queremos puxar para a superfície? Qual é a vida autêntica que desejamos conhecer e sentir por um instante ou para sempre?

1 Comments:

  • At 3:54 PM, Anonymous Anônimo said…

    Olha só, fiquei de queixo caído! Uau!
    "Para qualquer vida, uma única vida, em uma, única, última ou ucrônica dança, pode mudar tudo, seja na ausência, presença, perda, recordação. Essa única vida carrega uma música com a qual se tenta uma sintonia: às vezes, frágil e efêmera; às vezes, oscilante e misteriosa; às vezes, bonita e curta; às vezes, apaixonante e inesquecível; às vezes, linda e infinita".
    Anônima que senta ao seu lado, hehe (fiquei com preguiça de cadastrar uma identidade).

     

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